Congas vermelhos

Fotos do Álbum da Família Simão.
Cedente: Andrea Simão
Organização: Natalie R.A. Ferreira de Andrade, pesquisadora do MIMo.

Legenda da foto: Andrea Simão em formatura do pré-escolar (1981), Passos-MG. Fonte: acervo de Andrea Simão.
A foto de Andrea (estilista e proprietária de marca de lingeries) usando uniforme e um par de congas vermelhas, retrata sua formatura do pré-escolar (E. E. Francisco Avelino Maia, que já não existe mais), aos 6 anos, em dezembro de 1981 na Zona Rural da Usina Rio Grande de Passos-MG.
“A mulher (na foto, ao lado de Andrea), era a madrinha de Formatura, Tia Rosário Damasceno, irmã da professora”.
Ela conta que a roupa era o uniforme da escola, confeccionada em tricoline[1], composta por três peças: “(…) blusa branca de botões, a jardineira de saia, e um short da mesma estampa da saia.
Tudo bem comportadinho”.

Andrea Simão vestindo o uniforme escolar e calçando congas vermelhos. Fonte: acervo de Andrea Simão.
Sobre as congas vermelhas Andrea diz que sua mãe “sempre comprava o conga, conhecido por conguinha, por ser mais usado e mais barato. Era um calçado popular e resistente. E, ainda, tinha as opções de cores, como o vermelho”, usado na foto. Para Andrea, “a Conga era tão popular como o Bombril!”. A estilista também declara que gostava de usar pois era fácil de calçar: “Eu morava na zona rural, portanto, tinha que ser um calçado fechado, para não sujar os pés”.
[1] Tecido plano de fibra de algodão.
O popular conga
Interpretação de Natalie R.A. Ferreira de Andrade, pesquisadora do MIMo.
É interessante analisarmos o artefato calçado (e suas características) por meio de registros fotográficos, para refletirmos sobre seus significados sociais, culturais, simbólicos e subjetivos ao longo do tempo.
Os calçados, além de basicamente protegerem nossos pés no ato de caminhar, possuem diversos significados e refletem desejos dos seus usuários.
Os modelos de calçados esportivos fazem parte do cotidiano do homem desde o início do século XX quando criaram o solado de borracha. Por este motivo, os tênis são considerados o calçado do século XX.
No Brasil, desde meados da década de 1960 e 1970, as escolas só permitiam o uso de tênis. Foi nesse período em que se popularizou o modelo de tênis Conga, um modelo de formas simples composto de um cabedal[1] de lona[2] e solado de borracha.
O modelo foi lançado no final da década de 1950 pela indústria Alpargatas S.A, de São Paulo e foi amplamente adotado nas escolas do país até o início dos anos 90, quando a Alpargatas encerrou sua produção. Segundo Motta (2004), o artigo era de baixo custo e foi associado a juventude e descontração.
Podemos observar que o modelo foi utilizado pela maioria das crianças da época, como Andrea, por ser um calçado acessível, prático e popular nas escolas brasileiras.
Notas
[1] Parte superior do calçado.
[2] Tecido de fibra natural (algodão) com trama de sarja (diagonal), muito popular na fabricação de calçados, principalmente em modelos para o verão.
Referências
MOTTA, Eduardo. O calçado e a moda no Brasil: um olhar histórico. Novo Hamburgo: Assintecal, 2004.